quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Você.







A música é um estado de espírito.
Não é democrática, é abstrata é o jogar-se de um abismo.


Eu dito as palavras, eu faço as leis pro meu coração,
E acuso, eu julgo eu controlo o que acontece em meu peito.
E se é falta de paixão, é amor por mim mesmo,
É um mergulho profundo num mar de esquecimento.

A música é como um velho companheiro,
É um cigarro, um trago, outra imagem refletida no espelho.
Se eu for guardar vai ser o meu fim,
Não é medo, é força que vence a morte dentro de mim.

E eu fico assim, suspenso no ar,
Lutando, buscando pelo o que ainda há de vir...
Ou nunca virá. É só insanidade e passará.

Minhas palavras podem até te tocar,
Mesmo que você não queira,
A música ressoará.
Nos teu sonhos ou na insônia de uma noite inteira.
Vai percorrer teu corpo nu num banho pela manhã.
A água trará a melodia que você não quis.
Mesmo sem saber o que seria.
Vai ficar para trás, perdido e a esmo.
A lembrança daquela canção e do seu tempo.

Um homem e um violão,
Um simples acorde faz nascer...
Não é o que será ,
ou o que seria,
é o próprio ser.
Você.(...)

Você.(...)




João.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ela é o fim de toda a tarde.







Ela falou sobre o tempo
Um tempo de entender
E eu sei o que ela quis dizer
Não é um novo começar



Não é tempo de morrer
Não é tempo de viver
Não é tempo de colher nem de plantar

Eu ando sozinho como sempre
Vou seguindo em frente dia após dia
Prefiro nem pensar

O que sobrou ainda foi muito
Depois da tempestade
Desses últimos 20 anos.

Eu sigo, porque se ficar vou me perder
Prefiro ter da vida, vida de cigano.

E a saudade não me cabe.
Mas é muito bom saber
que tudo teve o seu valor
O que é novo agente aprende
Ás vezes com amor se arrepende
Tenta rever o que passou.

E nesses dias tão estranhos
respiro você vendo o sol se pôr.




João

sábado, 22 de janeiro de 2011

O que será que seria?


Hoje eu dormi o dia inteiro
Ontem estive muito cansado
A saudade era muito pesada para carregar sozinho
Tentei dividir com você.
E você disse ser impossível...


Então me diz
o que meu egoísmo não me deixa ver.
Então me fala um pouco mais sobre você
Fingi não ser real o que estava no peito
e agora ando lento
e que venha a tempestade...

Me molhe lavando minha alma,
se misture as lágrimas.
Corra no meio-fio e desapareça
Porque essa lembrança não sai da minha cabeça
E cada palavra tua
Escrita a bel-prazer
faz o dia amanhecer
e é sempre diferente.

Eu queria ver o que você vê
E queria que sentisse o que eu sinto
Ser menos apressado
E gostar de solidão, mas nós dois somos presente e não passado.

Tolerar a ignorância é virtude , eu sei.
Mas isso me nauseia desde da infância
Percebo então quanta distância
Há ente nós dois...




João.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Melancolia II





Será que existe em algum lugar?
Ou perdido em algum tempo?
O que procurávamos na chuva,
Sentíamos no vento


Que só é impossível
Para quem duvida de tudo
Para quem gosta disso sujo
Como pode então
Falarmos em coração

Coração...

É incrível,
não consigo ser direto
Dizer o que sinto
em parede de concreto
As tintas ainda estão nas mãos
E eu só sei gastar em vão
Porque não consigo fazer você...
Me entender.

Tudo foi tão rápido,
Quando acordei não pude errar,
E esse medo contamina.
Por que se sentir menor ?
Por que sentir medo ?
Lá vem ela, outra vez em outro dia:


Melancolia...


João.

[tela: Edward, MUNCH]

sábado, 1 de janeiro de 2011

Melancolia









Acho que consegui entender
O que você quis dizer quando falamos em melancolia.
Agora tenho as luzes da cidade,
E essa eletrecidade, do teu corpo , que arrepia.


Por que tão diferente, meu completo oposto
Por cisma minha, cai no meu gosto,
E eu caio em queda livre
Atravesso fronteiras
Tento não pensar na tua geografia
Talvez assim eu encontre o norte
Depois de andar em círculos por todo o dia.

Porque é assim que as coisas são
Existe vida, morte, beijo e tensão
Vestimos as camisas que anunciam o nosso “Não!”

Ora, que sujeito primitivo
Filósofo desmedido, demasiado humano
Quase todo dia vive por engano...

Então volto p´ra casa .
Contemplo a existência com uma música de fundo
E nas frestas que se abrem em todos os lugares
Invade-me o mundo.

E mundano vou errando
E mudado já estou, mesmo tendo trancado as portas
E já sei que o que passou não vai mais me deixar agora
Aqui dentro ainda vigora o mundo que deixei lá fora...
O mundo que deixei lá fora...
O mundo que deixei lá fora...
O mundo que deixei lá fora...

Não, não, não...




João.