sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Apostando Corrida na Escada.












Era p´ra ser só mais uma canção p´ra você.
Ouvir bebendo no alto de algum apartamento.
Talvez até tenha sonhado com isso algum dia.
Mas as noites te acordaram.
Te colocaram na boca o gosto amargo da vida.


A cada palavra escrita.
A morte do que não tem vida se aproxima.
Voltamos p´ra casa e esquecemos as escadas de todo dia.
Não me lembro de nos despedimos subindo ou na descida.
Não me lembro se na última vez era noite ou já era dia.
E você se lembraria?

Hey, você, tente entender, passei na sua vida
só p´ra dizer : “Até mais ver”...

Meu tempo está acabando,
junto com minhas chances de mudar,
é o vento frio de um dia quente.
Tua ausência me parte ao meio,
como se fosse p´ra sempre...

Hey, você, tente entender, passei na sua vida
só p´ra dizer : “Até mais ver”...

O mundo era tão grande e tão mais simples.
Agora tudo é novo, temos vidas pequenas.
Eles dançam outras danças,
Mesmo quando as músicas são as mesmas.
Só não entendo porque meu coração também
não pode entender.
Tínhamos tudo pela frente, e agora temos
o tempo que nos resta, talvez seja mesmo impossível de entender...

Hey, você, tente entender, passei na sua vida
só p´ra dizer : “Até mais ver”...




João.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sabedoria Infantil.







Os ponteiros do relógio
arrastam-se como se não fosse verdade.
Abro a porta e o tempo não toca minha vida.
Sou a criança que andava sozinha.
Santo foi o tempo,
que fez com que o presente fosse passado.
Santo é o tempo que nos traz estes dias nublados.


Não faz mais sentindo procurar por rostos conhecidos.
Minhas face estará escondida.
Eu não aceito este peso sobre minhas costas.
Não me dê as alturas dos céus.
Cansei de brincar de ser Deus.
Um Deus perdido no jardim de infância.

Vai ver que Deus é a criança que vive em nós.
Com medo de todos e de tudo.
Mas que ainda sim rege o mundo.
Por que o mundo está em ti?
Por que o mundo está em mim?

Caminhos por ruas tortas.
Que guardam segredos de amor, brigas e derrotas.
Ruas onde se perdem identidades.
Lágrimas que correm no meio fio e inundam a cidade.

Queria um dia inteiro com você,
E sobre meu peito tua mão.
Voar, deitar.
Dormir nas nuvens de algodão.
Mas não(...)
Não desceríamos jamais...
Viveríamos a imensidão deste instante de paz.


João.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Navios.












Todas as manhãs os sinos dobravam por ti.

As cortinas não nos deixava ver a vida cinza
que se escondia atrás de cada janela, nunca sabíamos
o que nos preparava o dia.

Nossas vidas a cada dia transformadas,
hoje por um dia de cada vez sendo costurada
como uma roupa de domingo,
como aqueles dias de valores antigos.

Desejei que você soubesse do meu isolamento.
Quis me perder em solidão e nos perder no firmamento.
Te convidei p´ra morrer comigo.
Marquei lugar, dia e hora.
Você fez que ouviu, fechou a porta, foi embora....

Eu caminho por ruas desertas, onde certamente não estarás.
Te procuro em cada olhar.
E só te encontro aqui, vivendo em mim.
Talvez você não possa viver no meu tempo.
Saber dos meus segredos.
Amando estarei até o fim.
E se for p´ra ser assim.
Que seja p´ra sempre.
Como árvores transparentes que peneiram a luz do sol.
Essa estrela imensa, tatuada no meu corpo.

Quando o “meu” sol dormia em teus braços.
Braços que um dia desesperaram-se ao não encontrar os teus
E "meu" sol que não brilhou desde aquele “adeus”.
Eu até tentei, voltei ao ponto, o porto de onde partiu.
Já não pude ver teus acenos e você não pôde ver, eu estava lá.
Deixaste-te em mim o vazio e ao mundo a imensidão do mar.


João.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Eu sou. (Não serei nem fui.)





















Houve um tempo em que eu não quis acreditar
nessas coisas que se diziam “meus dias”...
Houve um tempo em que recusei
qualquer coisa que se dissesse minha, até mesmo o que sentia.
Ainda jovem minhas mentiras ditas ao vento
desintegraram-se como flores de bem-me-quer, mal-me-quer.
Foram as derrotas que me fazem hoje mais forte do que em outro tempo qualquer.

E as perdas que tive no caminho.
Quando avisavam-me que tinha perdido
não empobreceram meu espírito.
Eu não tinha mais o que perder...
E a cada passo as coisas tendem mais á serem como devem ser, eu sinto.

E eu sempre sentirei,
A cada frente fria,
a falta da sua companhia.
Mesmo sabendo que partirás á cada verão.
Nos instantes eternos em que não estás em mim.
Já que nem tudo aquilo que se sente precisa existir.
Como o tempo que não se conta mas nos faz correr.
Corro dentro do carro.
Multas,corro para um tom mais alto.
Daqueles em que rasgo a voz para entrar nas madrugadas
feitas só para escurecer.
Uma canção qualquer que seja uma mensagem p´ra você.
Que alcance as estrelas antes de amanhecer.
Estrelas não existem, só nas noites claras do interior.
Mesmo que esse interior esteja somente dentro da gente.
E se estrelas já não podes ver
talvez seja pelo mesmo veneno que te cega.
Quando não sabes o que te trago no peito
Quando não sabes bem quem sou
e o que tenho pra você.


João.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Revolução.


Hoje resolvi sair da caverna que escurecia meus dias.
Resolvi dar uma volta em torno de mim mesmo.
Procurei o que era comum a nós.
Tranquei meus fantasmas no porão.
Escrevi algo sobre cinema e chuvas de verão,
como estas que molham minha indiferença.
e não transformam nada dentro de mim.
Por um segundo pensei nas segundas que sempre voltam.
Todas as semanas de uma vida em todas as semanas do mundo.
Pensei nos assuntos particulares que todos tem para resolver...
...em cada peito humano coisas não resolvidas (...).

Quero um tempo só para te ouvir.
Enquanto caminhamos por uma longa estrada.
Sem pensar como e quando finda o dia.
Você, vestida de poesia, saberá que as flores do seu vestido estão vivas?
Você saberá quantos botões hão de abrir?
E teu cheiro doce de baunilha, que fertiliza tua pele macia, conseguirá sentir?

Não quero nunca, meu amor,
que esta indiferença ao mundo,
seja minha ou seja a tua alienação.
Confio em ti, que desde o princípio foi mártir,
E fez revolução no meu coração.


João.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Novos sonhos.





















Respiro o orvalho da manhã.
Vejo novamente o vento balançar as árvores.
Que suaves bailarinas dançam como minhas mãos no corpo teu.
Mesmo que em todas manhãs existam pessoas dizendo adeus.

Coloco meus óculos.
As pessoas vão e vem.
Os carros passam.
Atrás de caminhos até as nuvens.

Trago versos p´ra ti entre os dentes.
Já se derramou tanto suor e sangue.
Cartas que escrevestes amorosamente.
E estamos juntos mesmo distantes.
E este mundo que se ergue adiante.
É só um passo p´ra gente.
O caminho esta dentro de nós.
Sempre esteve.

Sou a sombra de um homem que ama.
Sou um homem que crendo não move montanhas.
Acredite no que quiser!
Eu te quero tanto.
E a cada cigarro e café,
teço algum pensamento envolvendo-te.

Misturo-te com o que já vivi.
Quando vais já não sei.
Falta parte de mim.
Mas quando está aqui, tão presente assim,
preenche a história antes sem fim,
enche o copo até a borda.
Dentro do quarto tranca-se a porta.
Dentro do carro tranca-se a porta.
Dentro do peito tranca-se a porta.
Portas abrem-se para que os dias amanheçam.
Não há cadeado que nossas chaves não conheçam.



João.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Até Mais.








Queria poder voltar no tempo.
Não ter desejado teu mau.
Não ter desejado você.
Quem sabe não te conhecer...


Se bastasse te pedir perdão.
Mas só consigo te fazer chorar.
Por que será?
Por que será?
Maldição de ilusão.

Foi lindo o pouco que vivemos.
Mas talvez este seja o momento,
da lembrança dispersar.
A vida deve nos fazer felizes...
...vou me afastar(...).

Nunca vou esquecer que um dia conheci alguém,
que pensava como eu.
(exceto de coração).
Que a vida ia além.
Que a vida não era feita,
de sonhos nem de ilusão
Ilusão...
Ilusão...

Como me despedir?
“-Adeus”?
“-Um dia agente se vê”?
Até mais...


João.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Canto solidão.


Daqui posso ver as luzes da cidade se apagando.
E com cada uma delas uma solidão a mais.
Há sempre alguém, sentado em alguma esquina,
Esperando por aquela que nunca virá.

Assim o que resta é dar as mãos ao acaso.
Ninguém tem muito tempo.
E quando tudo for passado,
procurará na alma o erro.

Lembro da música alta e da voz rouca.
De quem também sozinho sentia dor.
Passando por cima de tudo.
Com drogas, álcool e ilusões de amor.

Nunca foi desleal.
Sempre fiel ao que sentia.
Daquelas coisas que se sentem
em qualquer uma destas manhãs frias.

Quando ouvimos uma canção de amor.
Quando escorrem lágrimas sem explicação.
Que não são tristeza, tão pouco emoção.
É só um penar por essa condição.

Todos temos chance,
de reascender uma chama.
Se coloque do lado de lá e o mundo nunca mais será o mesmo.
As ruas não serão desertas e da sua solidão nascerá uma canção.



João.
(Foto: Atibaia-noite)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A Tempestade.










Eu me lembro do seu nome,
Vindo com a tempestade vertiginosa de um furacão.

O pânico, os anti-depressivos não acalmam ventos.
Não impedem seu rastro de destruição.


Deixo uma mensagem em algum lugar seguro.
Quando chegar em casa saberá que estou longe de tudo.
Por que é melhor o homem que caminhando faz o caminho.
Procuro rosas sem espinho para deixar-te á cama quando acordar.

Não sei quando será, agora, lá fora, rosas deixaram de existir.
Foram destruídas, passíveis ao vento de lhes consumir.
Quem sabe no próximo inverno eu busco o teu inferno.
Te vejo em minhas mãos.
Destes dias naturais de fúria e contradição.

O silêncio me dirá.
E quando a tormenta passar,
você já não estará habitando em mim.
Fecharei meus olhos e ouvidos, eu não vou sentir.

E com o tempo você vai ver,
em alguma tempestade o meu nome,
nestes dias quentes de noites insones,
e invadirá teu peito,
nada acalmará os ventos,
porque ser seguro não é se conformar.



João

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Piegas demais.




Agente tinha pouco tempo juntos
Os dias se resumiam á poucos segundos (...)
De beijos profundos e tardes quentes.


Num suspiro e você partia .
Quando volto a te ver?
Estou pensando em você, não há como esquecer...

“Triste e bonito”, frases feitas sobre coisas perfeitas,
Levanto o templo, organizo uma seita
P´rá celebrar o nosso amor...
P´rá celebrar o nosso amor...

O tempo não existe, cada instante sem você já dura um ano e um mês.
E cada dia ao seu lado são menos três...

Ah!!! Eu quero você !!!
Sem relógio, sem roupa, sem nada p´rá fazer.
P´rá tarde ser longa , e é o que só agente pode entender.
Ser você é reencontrar o meu jeito ser..
Dormir nos teus braços em uma noite para nunca mais o sol nascer.



João.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O7 de junho.




De um tempo pra cá.
Venho sentindo uma forte atração por você.
Teu sorriso é lindo, teu olhar também,
como estava escrito na letra da canção em que te desenhei.

É estranho estar aqui conversando com você.
Já que pensei em você a tarde inteira.
E pensando no que iria te dizer,
me desfiz das frases feitas...


Esquecer o dia, esquecer da vida,
sem precisar de algo externo (drogas).
Esquecer você vai ser difícil,
ao menos enquanto durar o inverno.
Que só começa na segunda.

Jamais pensei em olhar pra você de um jeito diferente,
mas é melhor eu me acostumar com essa idéia...
Acho que agora entendo:
Amor vira sinônimo de tolerância depois de algum tempo.
(E isso eu não quero, nem tolerância , nem tempo).

Este sentimento vai até quando,
encerrar meu dia com frases claras como:

“Quero partir sem ter pra onde ir
seguindo apenas o meu horizonte”


As vezes o mundo parece estar em suas mãos,
mas se estivesse em minhas mãos, as coisas não seriam assim.

Costumo me perder ao pensar em tentar entender
o sentido pra tudo o que vivo.
Nunca consigo.
E não consigo diferenciar
Sonho de realidade
As vezes penso que tudo o que vivo é tudo que sonho.
E tudo o que sonho, é tudo o que vivo.


Olhando as flores mortas em meu jardim,
não me lembro de tê-las visto em seu estado culminante.
Sempre fui egoísta o bastante,
pra pensar que isso não era importante pra mim...

Recebo o vento frio em meu rosto,
como algo que me traz força e alívio.
P´ra esquecer e amenizar, toda dor que sinto.

E quando vejo o sol.
Descubro a manhã do dia seguinte.
Espero a noite chegar,
p´ra planejar meu futuro
com frases claras como:

“Quero partir sem ter pra onde ir
Seguindo apenas o meu horizonte”



João

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Humanos de Gelo.


Nada, nada, nada, nada, nada!
Nada se acaba!
O que acontece é esquecimento.
Se deixa de lado,
pessoas, momentos, sentidos e sentimento...
Se dissolvem vidas divididas.
Ao ponto da solidão ser a melhor companhia.

E é tão estranho admitir o pouco que se tem,
e sonos tranqüilos sem sonhos,
só se aprendem,
quando se aprende e se esquece também.

Quando nada mais importa,
e o conformismo é velho amigo.
E quando á frente a face se fecham as portas,
então você finge que encontrou seu abrigo.

Á esta altura lágrimas já não dizem nada.
Não faz sentido sofrer pelo o que nunca se acaba
Se esqueça e não pare,
vá em frente, mesmo na direção contrária.
Porque na vida não vale apenas viver.
É preciso estar pronto para os humanos de gelo.

Nada, nada, nada, nada, nada!
Nada se acaba!
Mas se esquece aos poucos,
o que um dia foi motivo de vislumbrar,
um horizonte e uma vida vivida de sonhos.




João.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sem perder a ternura jamais.






Esperei a tarde inteira por uma chuva que não veio.
Dias nublados enganam os sentimentos que trago em meu peito.
Queria ver queimar tempestades e trovões para esquecer,
a vida lá fora, a vida de medo de escrever e viver o que não pode ser.





Já não tenho força para ser quem era antes.
Nada de navalhas, pactos de sangue(...)
Não, não foi loucura nem gesto delirante.
Foi só doença desespero tranqüilizante.

Podia sofrer tranqüilo, inventando qualquer romance.
Hoje romance é pra ser vivido.
Passado em preto e branco, no presente colorido.
E o futuro é só algo á se querer, e não o quero agora.
Seja o que vier.
.
Ando descontente pela ausência do meu melhor na alta madrugada,
mas admito que acordar cedo traz novas poesias ao rumo desta estrada.
E em ver o sol nascer depois de acordar.
Não estou perdendo, continuo sonhando.

O meu corpo quente, só pede mais um dia frio.
E este vento que não traz chuva, traz em seus lapsos perfumes teus.
E resta-me um suspiro.

Plantar saudade no coração de quem se esqueceu,
é semear a angústia do trigo do pão da vida que não aconteceu.
Tento cultivar as horas dos domingos e feriados nacionais,
e vestido de amargura, na pesada armadura, prometo-te não lhe perder a ternura jamais!



João

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Arte Démodé



















Tudo o que você precisa,
é de mais alguns dias.
Quando o sol estiver do outro lado do quarto.
Dando cor aos meus lençóis, sentirei o cheiro
no pano simples e quente e lembrarei de “nós”.

Andamos tão distantes,
Eu ando tão só,
Que lembrarei de cada ato.
Quando fomos inimigos amantes,
e até na dor cúmplices, você eu e nosso quarto,
daquela infantilidade inocente,
do teu perfume ardente,
que em cada esquina
estará numa flor que ainda há de vicejar.

E não foi por medo de chorar,
você esteve certa,
quando num daqueles dias desistiu e chorou,
disse: “só se pode amar á quem um dia se odiou.”

E se não há mais ódio,
do tão pouco que nos sobrou.
O que fazer da história?
O que fazer com o que restou?

Restos duram pra sempre.
E agente finge que acabou.
Esconde na nossa mente, o que tanto tempo nos torturou.
O que fazer depois, quando a dor passou?

Vem p´ra cá , que eu quero conversar.
E então nem precisaremos pedir perdão
Eu encostarei, teu rosto no meu peito.
Direi que p´ra tudo dá-se um jeito.

Quero aquela expressão vinda do teu rosto.
Quero beijar o teu pescoço.
O mundo é mesmo estranho.
Tudo muda e eu já não sou tão moço.

Mas nem que o mundo acabe tem coisa que não se cabe acabar.
E então, sem tinha óleo nas mãos, sem caneta e papel,
sem partituras e instrumentos p´ra tocar.
Aprenderemos um dia, num destes que fico a cismar,
Um dia, contemplaremos juntos a arte de amar.
E quando tudo for velho, serão aqueles restos que me farão viver.
E novamente estaremos cúmplices, você , eu e nosso ateliê
Vivendo "artisticamente" essa arte démodé



João.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ela no jardim.





O que é que me dá?
Que sinto e não quero explicar.
Que essa noite eu levo pra minha cama.
E ontem quase perdi e pedi pra dizer que me ama.



O dia vem e eu não me esqueci.
Tua pele branca, teus lábios em mim.
Um ciúme do que não é meu.
Medo de ser nada de especial.
E no que era pra ser a era glacial.
Aqueceu meu coração superficial.
Fez revolução, mudou o que é de mim.
Existem tantas coisas começando no fim.
O sentimento fora de si.
E o que era “Dó” transponho pra “Si”.
Um tom abaixo é mais adequado.
É tua amizade, é solidão no meu quarto.
E todo dia é um dia a ser adiado
E todo dia é um dia a ser conturbado

O que me cala a boca
E me dá prazer.
O que está nos lábios e não dá pra dizer.
O que me toca a boca
E me faz satisfeito.
O que gera a morte
E fere meu peito.
É o que me toma a mente
Não me deixa dormir.
E pensar que tudo era delírio e devir.
Em águas profundas ou em longos horizontes.
Vejo vir vindo o cheiro da morte .
E ouvindo você no meu telefone.
Enquanto tanta gente morre de fome (não sei,me sinto mais homem)

Há tanta coisa com que se preocupar.
Mas essa química da pele não se faz explicar.
É tanto sentimento alienando o movimento.
E é tanta coisa que neste momento.
Nem consigo sentir qualquer sentimento.
E é o que não faz sentido...



João

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O vício de cismar.



Será que agora,
alguém lá fora,
ainda pensa em mim?


Se eu for embora agora,
nesta hora em que seus olhos estão fechados,
você acordaria sentindo falta?
A dor da ausência tomaria conta de ti?


Ou nada disso.
O contrário.
No teu calendário,
só mais um dia passado.
Um dia comum,
Ainda lembrará de nossas datas?
Ou guardará somente as senhas,
que precisa digitar?

E por que hoje é tão forte
aquilo que um dia certamente
não vai mais existir?
E se existir p´ra sempre.
Como eu faço p´ra esquecer?
E se o ditado estiver errado e a morte
não me deixar separado?

Será pecado tanto apego?
Esse mergulhar em paixão.
Será que Deus me perdoaria
por um dia deixar minha vida
em suas mãos?
Isso é vida vivida em vão?

Não quero mais a razão.
Quero o demasiado humano.
Quero um dia quente pra dividir o teu banho.
Quero ser mais animal, menos gente.
P´ra que de noite eu possa contar
aos meus sonhos livres,
os meus devaneios de prazeres insalubres.


João.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Eros e Psiquê.







Me leve nos teus braços.
Me faça ser feliz.
Ascenda o meu fogo.
Apague meu cigarro.
Queime minha dúvidas.
Tente, mas não te esqueças de mim.





Te mostro a minha face.
Preencho o que lhe falta.
Eu rasgo tuas roupas.
Tu rasgas minhas cartas.

Desejo o teu corpo.
E lhe quero até o fim.
Tornados e tempestades,
não vão me impedir de te tocar e te sentir.

Teu ponto alto.
Quando chego ao auge.
Até as nossas brigas,
me marcam com saudade.

É um fim de tarde.
Triste como o dia.
Menos um p´ra dividirmos nossas vidas..

E se é assim que deve ser.
A noite, mesmo que lá longe,
me leve com você.
Não, não te esqueças de mim.


João.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não aceitamos devoluções.




Não, eu não tenho todo poder sobre mim,
Quantas vezes eu tentei e não me convenci.
De que a vida é um presente de escolhas feitas por mim.



Sim, admito o destino, te entreguei até o meu íntimo,
Na vil esperança de ser escolhido e não foi assim.

Em papéis coloridos escrevia o sentido,
como um diário, um simples registro
de tudo que havia acontecido, não, não plantei sorrisos
E teu olhar, então sem visão,
hoje é o coração de quem um dia disse “não”.
Não iria mudar, por conta de uma ilusão.
Nem se entregar á um peito em construção.
No meu peito, uma multidão, de pensamento,
entoando tormentos, em procissão.

Decidi que não dava pra viver assim.
Busquei a mais alta montanha.
Não p´ra ver como tudo é tão pequeno,
Mas p´ra sentir a grandeza do eterno,
Lá de cima pude ver o que realmente importa.
O sentimento maior que esteve em minha porta,
quando não quis abrir, ou que não ouvi á porta chamar
pelo meu nome, em outro lugar,
quando tive coragem,e porta destranquei ,
era tarde demais , nada encontrei.

E num dia de sanidade sob um Ypê sem folhas,
Pude então, descobrir, que a vida não é feita de escolhas.

Não, não escolhi nascer.
Não escolhi viver assim.
Não escolho palavras pra escrever.
É um rio onde não há vida que corre dentro de mim.
Sem ter onde desaguar, e, procurando mar, fez barragem e inundou.
E assim meu pranto que jamais secou,
nos olhos meus vertem nascentes de lágrimas de dor.

Não escolhi sentir tudo o que sinto.
Não aceitei me perder no teu labirinto.
E dentro de ti.
Sem saída estou perdido.
Não escolhi morrer, e não ter medo disso.

Sequer escolhi, decidir o que preciso.
E eu não preciso.


João

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Semana.






Você estava andando,
Tão fria como sempre,
Em seu vestido indiano,
Com seu olhar cego p´ra frente.


O sol no seu rosto,
O calor era brando,
Nos lábios um “meio sorriso”.
Como o coração em pranto que se pergunta:
“-Por que eu sofro tanto?”



Na segunda eu menti.
Na terça eu cai.
Na quarta estava de joelhos.
Na quinta eu chorei.
Na sexta eu dormi.
No sábado me matei.
No domingo eu te esqueci.(morrer p´ra esquecer?)

Tudo aquilo foi um sonho.
Quem sangrou fui eu.
Fique com tudo o que quiser,
o mundo pode ser teu,
eu vou em frente, meu coração ainda é meu.

Tenho tudo á meu favor,
Até as nuvens no céu escondem a cor dos seus olhos.
Não sei e já não importa se sinto ou sentiria o mesmo de antes.
Enquanto amante não sei se sei te esquecer, preciso de um tempo.
Uma semana é o bastante.


João.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

É gelo e sol ao mesmo tempo.





Essa tarde poderia ser eterna.
Esse sol, esse frio e essa morna lembrança.




Um dia pensei como criança.
Hoje, homem feito ainda sou o mesmo.
Imaturo e sem medo de sentir medo.
Tudo muda parado.
E eu aqui parado evoluindo minhas células,
sem mover o rosto, morrendo aos poucos.

O tempo não passa no papel,
mas se passa no presente todo o passado
que esteja colocado em qualquer folha ou num pincel,
em qualquer rima, como esta,ou como as que escrevia
há tempos atrás, quando você sorria,
me recompensando o trabalho com um café.
Saudades da menina, saudades da mulher.

E então espero,
ainda que não queira ver a tarde acabar,
aquilo que mais me consola,
o momento em que se abre a porta,
e nos meus braços descansa o que tenho de melhor,
gostar de estar só,
não é amar a solidão.

Gosto de ser bicho.
Gosto dos meus instintos primitivos.
Gosto da ilusão.
Gosto do abstração vulgar,
do amor de perdição, daquela paixão de suar.



João.