quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Querer.







Eu ainda quero mais uma vida.
Nova e com mudanças.
Eu ainda quero amigos.
Paixões escondidas.
Timidez de criança.


Eu ainda quero outras manhãs inteiras.
Com teu rosto no meu peito.
Te proteger do vento.
E prometer sempre te guardar aqui dentro.

E quando este mundo disser não.
Somente sim haverá no coração.
Eu te provei num outono eterno, numa fina garoa.
Em qualquer estação de rádio dentro do carro.
Uma canção cantando o que resta das pessoas.

Pessoas e mundos que não queremos conhecer.
Eu ainda quero o mundo, que um dia juntos, juramos fazer.
Com palavras que definem dias como estes...

Onde você caminha agora?
O que se passa dentro de ti nesta hora?
E se pensar em mim, não se esqueça de pensar em mim
pensando em ti...



João


(foto escolhida em alusão á Dom Quixote de Cervantes)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Acenos.



O que medirá a distância
nestes dias sem medidas.
O caminho é longo para quem não
está cansado.
O caminho não existe para quem já se cansou.


E Prefere uma varanda á espera no novo sol que apontou...
Não sei mais se saberei dizer “Adeus...”
ou se deveria, ao menos, acenar.
Se as marcas ficaram
Isso não quer dizer que você sempre estará?

Aqui...

Aqui, um vazio a mais.
E essa vida que muda tanto.
E eu parado querendo que o tempo não parasse
Sequer posso mudar as nuvens
desenhadas nos céus da cidade.
Eu e minha vida de equilibrista.
Neste meio-fio extenso, liso de lágrimas.
Cada instante provado , vivido
É raro, é quase uma primavera.
Mas as flores vivem morrendo e não acenam na despedida



João.

domingo, 8 de novembro de 2009

Manda um Neruda !

nada como poesia de verdade rsrs

Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida.
Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor.

Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando.
De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam.

E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atônitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar...

Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes.
Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias...


Pablo Neruda.

sábado, 7 de novembro de 2009

Rua Sem Saída.







Ás vezes caminho cantando alguma dor vivida.
E vejo minha vida em uma rua sem saída.


E cada passo meu parece querer buscar você.
Tudo o que pude pensar...
Tudo o que se pode ser...

Sei que isso é um delírio,
Que meus olhos criam.
Se nada foi verdade me explica essa saudade.
Eu nem sei se quero mesmo me desarmar,
destes ruídos da agulha no vinil
e mesmo que seja uma fuga vil
ainda me faz sentido...
outras décadas não vividas vivo agora.
Meu travesseiro parece ser o único á acolher essa insanidade.
Desculpe-me se perdi a hora...

E errando eu prometi mudar o que nunca mudou,
Olhando para trás não se volta ao que não começou,
e agora sempre em frente, força sempre.
Sei que mudei , mas no meu ritmo.
Que você nunca aprendeu a dançar.
Dancei sozinho em um mundo vazio.
Dancei com o frio do vento.
Acreditei no impossível e libertei meu peito.
Porque há um mundo de sentimentos.
Porque há sempre um momento.
E é este agora que vivemos...

João.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Falsa revolução (Gente reacionária de merda).







Uma sala arrebentada.
Vasos quebrados, quadros rasgados.
Alguém travou uma guerra aqui.

Sofás e tapetes imersos.
No piso alagado pela porta aberta,
que criou esta tormenta dentro de ti.

Quantas pessoas são você?

Quantas pessoas são você?

Acorda e não consegue entender.
Quem ao certo desperta para o novo dia.
Fugindo do horror de reconhecer-se , de saber quem é.
Um bandido, um monstro preso em corpo de mulher.
O ditado diz que tudo volta e essa onda não te deixará em pé.

Suas máscaras cairão com uma lágrima de dor.
Sacrificará os romances lidos.
Desprezará poesia ou dela será fingidor.
Na loucura do real, ignorando a intuição.
Envolveu-se em jogo sujo,
trapaça de quebrar coração.

Uma vida que não muda.
Você parte e nas malas leva cicatrizes abertas.
Trocou o dedo em V de amor e paz, quando
ao amante mais leal declarou guerra.
Mentir frente ao espelho é mentira que se erra.
Banhos frios não resolvem mais.
Você ficou p´ra trás.
Seu tempo agora é velho.
Você e nada volta mais.
Mente, diz que está tudo bem, que atravessou o inferno.
Minta também sobre seus sonhos.
Diga que isso é tudo o que se pode sonhar.
Minta sobre o peso nos ombros.
Diga que sabe, que pode voar.

Quantas pessoas são você?

Quantas pessoas são você?



Suas máscaras cairão com uma lágrima de dor.
Sacrificará os romances lidos.
Desprezará poesia ou dela será fingidor.
Na loucura do real, ignorando a intuição.
Envolveu-se em jogo sujo,
Trapaça de quebrar coração.



João.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Com e Sem Você.







Sempre soube que levaria tempo.
Não queria aceitar.
Me afoguei em águas tão ensimesmadas quanto eu.
Olhei em volta e você não estava lá.
Não poderia estar.
Agora me salva, me resgata do mar,
e a noite me leva p´ra dançar em suas estrelas,
á quem emprestas o brilho do olhar feito em brasa.

Não queria te ter tão longe tanto tempo.
Você é a parte que me cabe neste mundo.
Todos iguais, sempre o mesmo discurso.
E vem você, muda tudo e me deixa mudo.

Nas entrelinhas do que escrevo.
Estás nos acordes do violão.
Meus dedos que correm as cordas.
Anseiam tuas mãos.
Suaves, brancas, macias.
Correm os rios de onde nascem as luas.
Correm meus dedos em tuas costas nuas.

Na noites tranqüilas que me dás,
na vigília do teu sono,
acordado estou sonhando,
ouvindo a noite acabando.

Quando amanhece e durmo,
parece outra estrada.
Parece outro mundo.
Um solo de guitarra.
Não estás aqui.

Uma melodia que não se completou,
Uma canção de ninar que deu lugar
á uma canção de amor...


João.